18h
MUSEU DA VERGONHA de Luís Monteiro e José Castro
Portugal, documentário, 2019, 25’
Com Luis Monteiro e José Castro
Construído no final do século XIX para servir de habitação para D. Maria Coimbra, o palacete acabou por servir de albergue a um conjunto de freiras, aquando da guerra civil espanhola. Após 1936, o Regime Fascista decide instalar lá a PIDE, acabando por adquirir o imóvel na década de ’40. O edifício da PIDE-DGS é um dos símbolos da repressão do Fascismo na cidade do Porto e em todo o norte do país. Dezenas de milhares de democratas foram ali encarcerados, torturados e executados. Desde o dia 26 de abril de 1974, quando o último preso político foi libertado, que a memória à resistência à Ditadura reivindica um espaço seu. O presente documentário é uma curta-metragem que reúne depoimentos de ex-presos políticos, historiadores e museólogos que se reuniram em defesa da criação de um Museu da Resistência no Porto.
18h30
Sessão debate e curtas
FEMINISMO: NEM UM PASSO ATRÁS
Com Alda Sousa, Andrea Peniche e Patry Amaya
A história do movimento feminista é feita de ruturas, mas também de diálogos e de solidariedades. O GAMP – Grupo Autónomo de Mulheres do Porto – foi, provavelmente, o primeiro coletivo do feminismo anticapitalista em Portugal, feminismo este que teve recentemente um ressurgimento e a sua mais expressiva demonstração de vitalidade no processo de construção da Greve Feminista Internacional de 8 de Março de 2019. Contra a ofensiva conservadora e a extrema-direita, este feminismo tem sido capaz de se constituir como resposta, como coragem e ousadia para enfrentar o monstro, numa articulação sem precedentes, capaz de atravessar fronteiras e oceanos e de se afirmar como espaço de resistência e de afirmação de alternativas. As propostas desta nova Internacional Feminista são as propostas de um anticapitalismo renovado, aquele que olha as diversas singularidades e forja um novo sujeito político capaz de desestabilizar e enfrentar a ofensiva neoliberal.
WORK IN PROGRESS de Melanie Pereira sobre a greve de 8 de Março
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A RESPOSTA DAS MULHERES de Agnès Varda,
França, documentário, 1975, 8’
Em 1975, em plena segunda vaga feminista, a cadeia francesa de televisão Antenne 2 pediu a sete realizadoras que respondem à pergunta “O que é ser mulher?”. Agnès Varda responde com este cine-panfleto, juntando um grupo de mulheres francesas de todas as idades e de diferentes meios sociais. Dispostas sobre um fundo branco, como se de uma sessão de retratos fotográficos se tratasse, as mulheres tomam a palavra para falarem de padrões de beleza, da maternidade, da exploração das mulheres pelo mundo da publicidade…, denunciando o condicionamento que lhes é imposto, desde a infância, por uma sociedade machista e patriarcal e reivindicando o direito de existirem enquanto indivíduas inteiras.
21h30
O ABORTO NÃO É CRIME de Maria Antónia Palla
Portugal, documentário, 1976, 50’
Com Andrea Peniche
Programa apresentado pela jornalista Maria Antónia Palla, dedicado à prática do aborto clandestino. A reportagem acompanha uma experiência realizada na área de Lisboa, por um grupo de mulheres apoiadas por alguns homens, de consultas de contraceção, prática de abortos gratuitos pelo método de aspiração uterina e subsequente acompanhamento psicológico. Na sequência da exibição deste programa em 1976, na RTP, choveram críticas, ameaças e insultos, foi instaurado um processo crime e a série foi cancelada. A autora foi levada a julgamento.
22h
GAZA de Andrew McConnell, Garry Keane – Estreia
Irlanda/Palestina, documentário, 2019, 90’
É difícil imaginar alguém a ter uma vida normal na Faixa de Gaza. Frequentemente referida como “a maior prisão a céu aberto do mundo”, é assunto nos noticiários de cada vez que ocorrem confrontos entre Israel e o Hamas. Nas televisões de todo o mundo, a milhares que quilómetros de distância, este pequeno pedaço de terra tem sido reduzido a uma imagem de violência, caos e destruição. Mas, como é a vida das pessoas em Gaza quando não estão sob fogo? A Gaza, raramente vista, é um território vulgar. A Gaza de todos os dias é uma faixa costeira de apenas 40 quilómetros de comprimento e 10 quilómetros de largura onde habita uma mistura eclética de quase dois milhões de pessoas. Não se pode compreender Gaza a partir de um contexto puramente político ou pela análise de episódios trágicos durante os conflitos. Apenas se consegue compreender Gaza mergulhando naquela terra, vivendo entre o seu povo e reconhecendo e explorando a sua rica diversidade social e as suas subtilezas culturais. A filmagem deste documentário foi feita no período entre a guerra dos Cinquenta Dias (2014) e a Grande Marcha do Retorno (protesto iniciado em 2018) e retrata vidas únicas e extraordinárias de um povo que recusa ser derrotado.