25 DE ABRIL

18h30 – ABERTURA

Sessão curtas PREC
com José Soeiro e João Teixeira Lopes

O Desobedoc 2019 arranca com uma sessão de curtas-metragens documentais acerca daquele que foi, porventura, o período mais pragmático e romântico da vida do país durante o século XX. Saído de uma ditadura de 48 anos, houve um povo que assumiu um projeto coletivo de país, nas suas vertentes sociais, políticas e culturais.

REVOLUÇÃO de Ana Hatherly
Portugal, documentário/experimental, 1975. 10’

Filmado nas ruas de Lisboa, no pós-25 de Abril, com uma câmara Super 8, REVOLUÇÃO documenta os cartazes de propaganda política, os grafitis e os murais de ideologia revolucionária inscritos nas paredes da cidade. A um ritmo veloz, as imagens registadas e a montagem do filme representam exemplarmente a manifestação plural de vozes na cena política portuguesa, bem como a participação coletiva e a euforia contagiante vivida no espaço público. Testemunho evocativo do ambiente social e político que marcou o período revolucionário da história contemporânea portuguesa, este trabalho revela, simultaneamente, a relação da artista com a cidade de Lisboa e o mundo envolvente. Ana Hatherly regista, documenta, atua nas ruas da cidade, posicionando-se criativamente perante as características marcantes da cultura urbana num momento tão significativo da história portuguesa.

COMUNAL, UMA EXPERIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA de José de Sá Caetano
Portugal, 1975, 25’, documentário

Próxima de Torres Novas, uma cooperativa agrícola original: os cooperantes não são só habitantes da região, mas também pessoas da cidade das mais diversas profissões que a essa experiência aderiram.

CANDIDINHA de António de Macedo
Portugal, 1975, 24’, documentário

O filme documenta as movimentações no famoso atelier de alta-costura lisboeta – Candidinha. Com a fuga dos sócios gerentes, as trabalhadoras ocupam as instalações no Verão de 1975 e organizam-se para garantir a continuidade da produção e respetiva distribuição.


21h30

O SILÊNCIO DOS OUTROS de Almudena Carracedo e Robert Bahar – ESTREIA
Espanha/Canadá/França/EUA, 2018, documentário, 96’

Com Chato Galante (resistente da ditadura franquista) e Amelia Martínez-Lobo (Fundação Rosa de Luxemburgo – Madrid)

Em 1977 o parlamento espanhol aprovou uma Lei de Amnistia que garantia a liberdade de todos os presos políticos e a proibição do julgamento de qualquer ato criminoso ocorrido durante a ditadura de Francisco Franco no país. O Franquismo assombrou a Espanha durante 38 anos deixando um imenso número de vítimas e parentes sem respostas. Vencedor do Prémio Goya 2019 de melhor longa metragem documental, este filme que mostra a luta épica das vítimas dos 40 anos da ditadura de Franco em Espanha e que continuam hoje a procurar justiça. Ao longo de seis anos, Almudena Carracedo e Robert Bahar filmaram várias vítimas e sobreviventes – como José “Chato” Galante, que hoje em dia vive muito próximo de seu torturador -, enquanto organizam o chamado "Processo Argentino" e enfrentam uma amnésia imposta pelo Estado perante crimes contra a Humanidade num país. Após quatro décadas de democracia, este documentário vai além do retrato de um passado recente: pretende questionar o futuro de um país amordaçado por uma parte das instituições e classe política herdeiras diretas do regime franquista, silenciado por um sistema conivente com uma minoria e sequestrado por um silencio inexplicavelmente imposto como arma de pacificação massiva.

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